Saturday, September 30, 2006

Apesar de todos os problemas de Thomas Hobbes, ele disse uma verdade incontestável, na minha opinião: O homem é o lobo do homem.
Na verdade nós tentamos nos esconder atrás de várias "invenções" para diminuir o impacto da nossa responsabilidade, mas isso não a diminui.
Todos nós deveríamos, então, assumir os atos com essa responsabilidade, que nos foi atribuída, e parar de bancar os idiotas para nós mesmos.
É vergonhoso ver um homem 'feito' negando seus atos e se escondendo atrás de seu dinheiro...


Taí, um post inútil, mas é só pra mostrar minha opinião (para mim mesma) sobre esse assunto.

Wednesday, September 27, 2006



Uma professora de Literatura, amante da matemática, aluna de teatro do Centro Cultural de Brasília* encontra sua amiga engenheira, amante da literatura, aluna de fotografia do mesmo Centro. Elas conversam bastante, contam suas novidades, riem e resolvem comer uma fogaça. Chegando lá encontram um filósofo, com síndrome de geometria e amante de Hitler que conta como vai sua vida de cronista...- falta dinheiro pra comprar esse tênis, falta dinheiro pra comprar essa camiseta... arte não enxe barriga. Bem de vida mesmo está aquela empresariazinha preta... - Comentaram sobre o sucesso da rede de hotéis da também amiga, que vivia muito feliz com seu marido tarado, que é pastor nas horas livres, e com os quatro filhos... - Uma vida bem mais agitada do que da índia- E puseram-se a falar mal da outra, que ganhava rios de dinheiro com a medicina mas não conseguia esquecer o antigo namorado, que largou a faculdade de Jornalismo pra fundar uma banda de rock.

Apesar das críticas se adoravam e sentiam uma pu.ta saudade da época do colégio... 'Foi preciso fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, para fazer de uma procura, um encontro.'

Tuesday, September 26, 2006


Todo mundo deveria alguma vez na vida ler sonetos de Florbela Espanca;
Deveria ter um animal de estimação, a quem dê amor e colha mordidas;
Deveria aprender a fazer "báskara";
Deveria ler a biografia de Salvador Dali;
Deveria conhecer 'Calvin and Hobbes'
Deveria escutar o professor de História sem preconceito
Deveria aprender uma língua estrangeira e se animar a visitar onde a usam;
Deveria ouvir Engenheiros do Hawaii, Nando Reis, Cássia Eller, sem pensar que eles foram de outra época;
É isso, todo mundo deveria parar de pensar que está fora da época;
Deveria ler livros que o fizessem mudar o conceito da vida;
Deveria estudar literatura;
Deveria fazer um teatro, passar raiva, e abandonar no meio do caminho;
Deveria cortar o cabelo curto;
Deveria olhar para a arte sem pensar em Hollywood;
Deveria esquecer que a Gisele Binthechen existe, seja lá como escreva esse seu nome (válido para Xuxa e companhia);
Deveria ter um blog e ser tão feliz com ele quanto eu sou;
E deveria parar de querer bancar Deus e dar conselhos para os outros... [ou muito pior: os seguir.]

Sunday, September 24, 2006







Arte. Quando Deus criou a arte ele não estava com preguiça nem com dor-de-barriga. Imagino eu que ele criou a arte para ser a personificação da beleza, mas tenho minhas dúvidas quanto à culinária. Sim, é muito gostoso, mas não posso dizer que é belo. Artes plásticas, artes cênicas, cinema, dança, música, literatura, fotografia... sim, sim, não há coisa mais valiosa no mundo do que a arte, meus amigos.
Criada ainda no Paleolítico vêm nos acompanhando ao longo do tempo, firme e forte, ajudando o homem a 'aguentar o tranco'. Acreditava-se que as pinturas nas cavernas eram uma forma de comunicação com os deuses, pra se ter uma noção do status da 'coisa'. Conforme o homem foi ficando mais metidinho, a arte foi o acompanhando, sempre ao lado. Arquitetura grega, aquedutos romanos... Roma, Roma, Roma... Sempre quando falam de arte vêm à mente a bela cidade de Roma. Durante muito tempo foi o centro cultural do mundo e as mais belas obras de artes renascentistas estão guardadas lá, pelas garras da temida I.C.A.R. (é essa sigla?) que 'fazia' esculturas de ouro...
Os tempos são outros, a pobre Igreja está na rua da amargura, o ouro já não é tão abundante assim... Mas a arte continua significando muito na vida das pessoas, com, ou sem ostentação.

Há certos 'matematicozinhos' que saem dizendo por aí que arte é coisa pra gente fresca, sensível demais e 'baitola'. Não vou mentir que homem que gosta de arte não é suspeito, mas a arte merece ser respeitada pelos que não a dão todo o valor que merece.
Hoje mesmo abri o wikipédia para ver as novidades do mundo e tinha uma foto do Muro de Berlim, estava comentando sobre a Guerra Fria, mas o que chamou minha atenção foram as imagens em grafite que fizeram. Muito bom, muito bom, muito bom...

Devo ter falado um monte de besteira, estou preocupada com o simulado amanhã, comprei uma TV, fico babando por obras de arte, mas o caso é que quis transmitir a idéia de que 'foda-se' se você não gosta de arte, respeite quem gosta, porque quem é artista, de verdade, merece ser aplaudido de pé.




Thursday, September 21, 2006


"Os professores ensinam para ganhar dinheiro e não se esforçam pela sabedoria, mas pelo crédito que ganham dando a impressão de possuí-la. E os alunos não aprendem para ganhar conhecimento e se instruir, mas para poder tagarelar e ganhar ares de importante". (Arthur Schopenhauer)
"Não tenha medo da perfeição. Você nunca vai atingi-la." (Salvador Dalí)
"Não basta termos um bom espírito. O mais importante é aplicá-lo bem." (René Descartes)
"O fênix, esperando sua ressureição, suporta as ardentes chamas que o consomem". (Leonardo da Vinci)
"Se as pessoas são boas só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa, então realmente somos um grupo muito desprezível." (Albert Einstein)
"Tenho um instinto para amar a verdade; mas é apenas um instinto." (Voltaire)

Pensamentos diversos que gostei...

Sunday, September 17, 2006

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
(Florbela Espanca)

Isso não é ser poeta, é ser artista. É ter alma de artista.

Saturday, September 16, 2006

Há dias que olhamos para o teto e vemos uma teia-de-aranha.
Há dias que olhamos para o teto e limpamos a teia-de-aranha.
E dias, que simplesmente, não olhamos para o teto.

Eu olho, tenho vontade de limpar, mas não consigo. Shit!!!

Tuesday, September 12, 2006

"- Agora você vai me ouvir, Ellen. Não saí ganhando no velório, porque não ficaria bem para um padre fazer isso diante de tanta gente, e foi por isso que resolvi vir aqui pra dizer a última palavra. Não vou permitir que uma gorducha desmazelada passe o resto da vida dizendo a todo mundo que levou a melhor numa discussão com Kevin Brennan.
- Gorducha desmazelada?! Com todos os diabos, com quem pensa que . . .
- Cale-se e ouça a verdade - responti, gritando também-, porque sou a única pessoa disposta a dizê-la pra você. Você é uma mulher gorda e neurótica, que vive se queixando e também comendo e fumando desbragadamente para morrer mais depressa. Os únicos interesses que você encontra na vida são novelas baras e todas. - Aquilo era um palpite meu, mas tive a impressão de que acertara em cheio- Isso não vai lhe trazer Tim de volta. Não vai ajudar no crescimento de seus filhos, e nem mesmo vai ajudar você. Pobre Ellen, aquele burro de carga que sogreu a vida inteira e que é tão digna de pena! Você é uma completa e maldita idiota, e uso as três palavras com pleno conhecimento de causa.
Ela acompanhava-me com seus terríveis olhos cinzentos enquanto eu me deslocava pela sala aos gritos.
- E o que é que quer que eu faça? - ela respondia-me também aos gritos.
- A primeira coisa a fazer é párar com esta porcaria. . . - e atirei o pacote de cigarros na cesta do lixo. - E parar também com isso aqui . . . - e os doces acompanharam os cigarros. - Livre-se desta tralha. . . - um pontapé nos livros -, e vai logo emagrecer dez quilos."

Acho que eu queria fazer algo semelhante...

Sunday, September 10, 2006

Fazendo um trabalho de filosofia pude me apronfundar nas citações de grandes homens que contribuiram para um aprimoramento da "civilidade". Um deles foi Papa João Paulo II, um grande exemplo para todos nós, não só católicos, não só religiosos. E agora uma citação sua que eu gostei muito e concordei em todos os pontos (na verdade eu costumava tentar exprimir isso com próprias palavras e foi aí que surgiu o termo "pseudonerd"):
Precisamos de Santos
Precisamos de Santos sem véu ou batina.
Precisamos de Santos de calças jeans e tênis.
Precisamos de Santos que vão ao cinema, ouvem música e passeiam com os amigos.
Precisamos de Santos que coloquem Deus em primeiro lugar, mas que se "lascam" na faculdade.
Precisamos de Santos que tenham tempo todo dia para rezar e que saibam namorar na pureza e castidade, ou que consagrem sua castidade.
Precisamos de Santos modernos, santos do século XXI, com uma espiritualidade inserida em nosso tempo.
Precisamos de Santos comprometidos com os pobres e as necessárias mudanças sociais.
Precisamos de Santos que vivam no mundo, se santifiquem no mundo, que não tenham medo de viver no mundo.
Precisamos de Santos que bebam coca-cola e comam hot dog, que usem jeans, que sejam internautas, que escutem disc man.
Precisamos de Santos que amem apaixonadamente a Eucaristia e que não tenham vergonha de tomar um refri ou comer uma pizza no fim-de-semana com os amigos.
Precisamos de Santos que gostem de cinema, de teatro, de música, de dança, de esporte.
Precisamos de Santos sociáveis, abertos, normais, amigos, alegres, companheiros.
Precisamos de Santos que estejam no mundo; e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo, mas que não sejam mundanos".

Thursday, September 07, 2006

Hoje, para muitos do Brasil, é mais um feriado. Um bendito feriado que nos fez não ter aulas, nos fez não trabalhar, nos fez assistir, se quiser, Pocahontas na Globo.
Hoje, para muitos cassilandenses, é mais um feriado. Um bendito feriado que nos fez não trabalhar, não ter aula, assistir Pocahontas e, se quiser, acordar 8 horas da manhã para ver o desfile de 7 de setembro.
Hoje, para muitos alunos do IEC, é mais um feriado. Um bendito feriado que nos fez não ter aula, não ter tarefa, não ter que aguentar a Eliene e suas "neuras", e ganhar meio ponto para desfilar na praça comemorando a Independência do Brasil.
Mas, para nós, alunos do Ensino Médio do IEC, que protestamos contra tantas calamidades que acontecem em nosso país, foi um feriado bom, sem aulas, com meio ponto e, principalmente, satisfatório. Seria bom que todos que falassem mal de nós pudessem também pensar um pouco sobre a questão.

"Filho da p..., bandido, corrupto, ladrããããão!"

"Vem vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.."

" Somos burgueses sem religião.... Geração Coca-Cola"

Tuesday, September 05, 2006

A pobreza da riqueza

Por Cristovam Buarque

"Em nenhum outro país os ricos demonstraram mais ostentação que no Brasil. Apesar disso, os brasileiros ricos são pobres. São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados equipamentos da modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio. E, às vezes, são assaltados, seqüestrados ou mortos nos sinais de trânsito. Presenteiam belos carros a seus filhos e não voltam a dormir tranqüilos enquanto eles não chegam em casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitetos de renome, e são obrigados a escondê-las atrás de muralhas, como se vivessem nos tempos dos castelos medievais, dependendo de guardas que se revezam em turnos.

Os ricos brasileiros usufruem privadamente tudo o que a riqueza lhes oferece, mas vivem encalacrados na pobreza social. Na sexta-feira, saem de noite para jantar em restaurantes tão caros que os ricos da Europa não conseguiriam freqüentar, mas perdem o apetite diante da pobreza que ali por perto arregala os olhos pedindo um pouco de pão; ou são obrigados a restaurantes fechados, cercados e protegidos por policiais privados. Quando terminam de comer escondidos, são obrigados a tomar o carro à porta, trazido por um manobrista, sem o prazer de caminhar pela rua, ir a um cinema ou teatro, depois continuar até um bar para conversar sobre o que viram. Mesmo assim, não é raro que o pobre rico seja assaltado antes de terminar o jantar, ou depois, na estrada a caminho de casa. Felizmente isso nem sempre acontece, mas certamente, a viagem é um susto durante todo o caminho. E, às vezes, o sobressalto continua, mesmo dentro de casa.

Os ricos brasileiros são pobres de tanto medo. Por mais riquezas que acumulem no presente, são pobres na falta de segurança para usufruir o patrimônio no futuro. E vivem no susto permanente diante das incertezas em que os filhos crescerão. Os ricos brasileiros continuam pobres de tanto gastar dinheiro apenas para corrigir os desacertos criados pela desigualdade que suas riquezas provocam: em insegurança e ineficiência.

o lugar de usufruir tudo aquilo com que gastam, uma parte considerável do dinheiro nada adquire, serve apenas para evitar perdas. Por causa da pobreza ao redor, os brasileiros ricos vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos têm de perder dinheiro, gastando cada vez mais apenas para se proteger da realidade hostil e ineficiente.

Quando viajam ao exterior, os ricos sabem que no hotel onde se hospedarão serão vistos como assassinos de crianças na Candelária, destruidores da Floresta Amazônica, usurpadores da maior concentração de renda do planeta, portadores de malária, de dengue e de verminoses. São ricos empobrecidos pela vergonha que sentem ao serem vistos pelos olhos estrangeiros.

Na verdade, a maior pobreza dos ricos brasileiros está na incapacidade de verem a riqueza que há nos pobres. Foi esta pobreza de visão que impediu os ricos brasileiros de perceberem, cem anos atrás, a riqueza que havia nos braços dos escravos libertos se lhes fosse dado direito de trabalhar a imensa quantidade de terra ociosa de que o país dispunha. Se tivesse percebido essa riqueza e libertado a terra junto com os escravos, os ricos brasileiros teriam abolido a pobreza que os acompanha ao longo de mais de um século. Se os latifúndios tivessem sido colocados à disposição dos braços dos ex-escravos, a riqueza criada teria chegado aos ricos de hoje, que viveriam em cidades sem o peso da imigração descontrolada e com uma população sem miséria.

A pobreza de visão dos ricos impediu também de verem a riqueza que há na cabeça de um povo educado. Ao longo de toda a nossa história, os nossos ricos abandonaram a educação do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza que seria só deles, e ficaram pobres: contratam trabalhadores com baixa produtividade, investem em modernos equipamentos e não encontram quem os saiba manejar, vivem rodeados de compatriotas que não sabem ler o mundo ao redor, não sabem mudar o mundo, não sabem construir um novo país que beneficie a todos. Muito mais ricos seriam os ricos se vivessem em uma sociedade onde todos fossem educados.

Para poderem usar os seus caros automóveis, os ricos construíram viadutos com dinheiro de colocar água e esgoto nas cidades, achando que, ao comprar água mineral, se protegiam das doenças dos pobres. Esqueceram-se de que precisam desses pobres e não podem contar com eles todos os dias e com toda saúde, porque eles (os pobres) vivem sem água e sem esgoto. Montam modernos hospitais, mas tem dificuldades em evitar infecções porque os pobres trazem de casa os germes que os contaminam. Com a pobreza de achar que poderiam ficar ricos sozinhos, construíram um país doente e vivem no meio da doença.

Há um grave quadro de pobreza entre os ricos brasileiros. E esta pobreza é tão grave que a maior parte deles não percebe. Por isso a pobreza de espírito tem sido o maior inspirador das decisões governamentais das pobres ricas elites brasileiras.

Se percebessem a riqueza potencial que há nos braços e nos cérebros dos pobres, os ricos brasileiros poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em direção aos interesses de nossas massas populares. Liberariam a terra para os trabalhadores rurais, realizariam um programa de construção de casas e implantação de redes de água e esgoto, contratariam centenas de milhares de professores e colocariam o povo para produzir para o próprio povo. Esta seria uma decisão que enriqueceria o Brasil inteiro - os pobres que sairiam da pobreza e os ricos que sairiam da vergonha, da insegurança e da insensatez.

Mas isso é esperar demais. Os ricos são tão pobres que não percebem a triste pobreza em que usufruem suas malditas riquezas".

Monday, September 04, 2006


"TORNA A DEFINIR O POETA OS MAOS MODOS DE OBRAR
NA GOVERNANÇA DA BAHIA, PRINCIPALMENTE NAQUELA
UNIVERSAL FOME, QUE PADECIA A CIDADE.

Que falta nesta cidade? Verdade
Que mais por sua desonra? Honra
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.

O demo a viver se exponha,
por mais que a fama a exalta,
numa cidade, onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.

Quem a pôs neste socrócio? Negócio
Quem causa tal perdição? Ambição
E o maior desta loucura? Usura.

Notável desventura
de um povo néscio, e sandeu,
que não sabe, que o perdeu
Negócio, Ambição, Usura.

Quais são os seus doces objetos? Pretos
Tem outros bens mais maciços? Mestiços
Quais destes lhe são mais gratos? Mulatos.
Dou ao demo os insensatos,

dou ao demo a gente asnal,
que estima por cabedal
Pretos, Mestiços, Mulatos.

Quem faz os círios mesquinhos? Meirinhos
Quem faz as farinhas tardas? Guardas
Quem as tem nos aposentos? Sargentos.

Os círios lá vêm aos centos,
e a terra fica esfaimando,
porque os vão atravessando
Meirinhos, Guardas, Sargentos,

E que justiça a resguarda? Bastarda
É grátis distribuída? Vendida
Quem tem, que a todos assusta? Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa,
o que EL-Rei nos dá de graça,
que anda a justiça na praça
Bastarda, Vendida, Injusta.

Que vai pela clerezia? Simonia
E pelo membros da Igreja? Inveja
Cuidei, que mais se lhe punha? Unha.

Sazonada caramunha!
enfim que na Santa Sé
o que se pratica, é
Simonia, Inveja, Unha.

E nos Frades há manqueiras? Freiras
Em que ocupam os serões? Sermões
Não se ocupam em disputas? Putas.

Com palavras dissolutas
me concluís na verdade,
que as lidas todas de um Frade
são Freiras, Sermões, e Putas.

O açúcar já se acabou? Baixou
E o dinheiro se extinguiu? Subiu
Logo já convalesceu? Morreu.

À Bahia aconteceu
o que a um doente acontece,
cai na cama, o mal lhe cresce,
Baixou, Subiu, e Morreu.

A Câmara não acode? Não pode
Pois não tem todo o poder? Não quer
É que o governo convence? Não vence.

Quem haverá que tal pense,
que uma Câmara tão nobre
por ver-se mísera, e pobre
Não pode, não quer, não vence."
Gregório de Matos e Guerra

Sunday, September 03, 2006




Em alguns momentos me sinto feliz por ser uma garota.

Não passamos pela fase de 14 anos com uma idade mental tão subdesenvolvida, na minha opinião, graças a Deus. Não colocamos em nossas atividades, no orkut, "sexo, sexo, sexo", até porque isso é ridículo, você só tem 14 anos. Não queremos ser musculosas, então, não tiramos fotos ridículas das nossas costas pra ficar mostrando pra todo mundo que você faz musculação. Não fazemos gracinhas para as meninas tontas rirem. Não precisamos gostar de jogar futebol para não ser discriminada. Não achamos bonito beber, beber, beber e mostrar pra todo mundo que fizemos isso. Não falamos errado pra mostrar que é macho. Não precisamos passar a vergonha de mostrar a barriga gorda na frente de nossos colegas na educação física, caso a malhação não resolva nosso caso. (caso, caso, caso) Somos do mesmo sexo de mulheres brilhantes como Marie Curie, Clarice Lispector, Hermione Granger.

Em alguns momentos me sinto "triste" por ser uma garota.

Garotas ficam menstruadas e depilam. Garotas devem obedecer severamente à certas regras sociais ou estão perdidas. Garotas têm menos criatividade do que garotos. Garotas não podem falar tudo o que pensa se não são chamadas de barraqueiras e entronas, caso o contrário, de submissas. Garotas não jogam xadrez, basquete e poker com todo aquele "glamur". Garotas não fazem quadrinhos. Garotas têm de ser magras, loiras, maquiadas e bem-vestidas, caso contrário, morrerão na companhia do cachorro vira-lata com sarna. E garotas, simplesmente, não são como Calvin&Hobbes, Alfredo e sua tchurma, Einstein, Hawking, Eduardo Marciano/Mauro/Hugo, gêmeos Weasley.

Qual o coletivo de sapo? Post completamente inútil... Só pra mostrar que diferenças sempre são bem vindas. Os dois lados são atraentes e o que me agrada hoje, não irá me agradar amanhã, se eu continuar a mesma na hora das mudanças. (Ui! Quanta besteira..)

"Eu mudo para continuar o mesmo." Jean-Paul Sartre

"- Foi uma palhaçada. Mas não tem importância. Olhem: comunico-lhes, solenemente, que está fundado o terrorismo.
Base do novo movimento: preconizar e difundir o terror, de todas as maneiras, em todas as suas manifestações. O Terror nas Letras, cujo protótipo seria a novela "Metamorfose", de Kafka.
- Kafka era um terrorista. Incentivar todas as situações terroristas, estabelecer o pânico, lançar o terror.
- E a solução? - perguntou Mauro.
- A solução é a conduta católica - respondeu o amanuense Belmiro.
- A solução é o próprio problema, sabe como é? Não há solução. Imagino a seguinte cena: um congresso de sábios, os mais sábios do mundo, que se reuniram para resolver o problema dos problemas, o problema transcendental, o Problema, tout-court.
- O problema o quê?
- Tout-court. Vá à merda.
- Ah, tout-court. Merci.
- Pois bem: estão reunidos, os sábios, a postos para começar a trabalhar, encontrar a solução do problema, e o Presidente do Congresso dá por iniciada a sessão, anunciando que vai, enfim, dizer qual é o Problema que os reuniu. Faz uma pausa, e declara solenemente: 'Meus senhores! O problema é o seguinte: Não há problema'
- E daí?
- Daí os sábios terem de resolver o problema da inexistência do problema. É o terror.
- Confesso que não entendo.
- Vocês não entendem porque são burros: no nosso caso, é a mesma coisa. Só que há o problema, o que não há é a solução. Logo está solucionado.
- E qual é o problema:
- O problema é o terror.
- Ah!
Calaram-se, os três, e riram, deslumbrados à idéia de que agora sim, estavam completamente doidos - os pais tinham razão.
- Es una cosa terriblea, la inteligencia!
- Unamuno não era terrorista.
- Dê três exemplos de situação terrorista.
- Um grito na igreja, uma gargalhada no velório, um árabe no elevador.
- Muito branco. É o que se pode chamar, apenas, de 'terrorismo cor-de-rosa'. O verdadeiro terrorismo é o absurdo mais terrível, por exemplo: o do homem que se apaixona por um fio de cabelo da amada, e quer viver com ele, dormir com ele, ter filho com ele...
- É, meus amigos, o inevitável aconteceu.
- Bom lema para o terrorismo: O Inevitável Aconteceu! Se considerarmos o aconteceu, aí, como substantivo e não como verbo.
- Precisávamos é de uma coisa para símbolo.
- A coisa - prosseguiu Eduardo: - A Coisa é o símbolo. Ninguém sabe o que é. Está em toda parte e não está em lugar nenhum. Assume todas as formas. Pode ser um sentimento, um objeto, uma cor - só que tem de ser uma coisa, isto é: um substantivo. Por isso concluímos, há pouco, que aconteceu não era verbo. Onde a Coisa estiver, aí estará o terror.
Os outros dois ouviam, um tanto apreensivos. Eduardo falava sem parar:
- Me lembrei de uma coisa inventada por Salvador Dali - A coisa era um pão. Sairia no jornal com manchete assim: "O inevitável Aconteceu - A Descoberta do Pão". Um pão monumental, exatamente igual a um pão-francês comum. A diferença estaria no tamanho: mediria dois metros de comprimento. O pão era encontrado na rua, levariam para a polícia. Estará envenenado? Conterá explosivo? Propaganda política? Os comunistas, pão-para-todos? Anúncio de padaria? Os jornais comentavam e discutiam o que fazer do pão. Era só o assunto ir esfriando e um pão maior ainda, de cinco metro, amanhecia atravessado no Viaduto. Toda a cidade empolgada com o mistério, a polícia desorientada, o pão analizado nos laboratórios. E continuava o problema: que fazer com ele? Para despistar, um de nós escrevia um artigo sugerindo que fosse cortado em milhares de pedaços e doado à Casa do Pequeno Jornaleiro. No Rio, em São Paulo, Recife, Porto Alegre começavam a aparecer pãe, cada vez maiores, nos lugares públicos. Eram os membros de uma sociedade secreta já fundada, a Sociedade do Pão, que começavam a trabalhar. E um dia surgiria outro pão gigantesco em Roma, outro em Londres, outro em Nova Iorque. A humanidade deixaria de se preocupar com seus problemas, as guerras seriam esquecidas, até que resolvessem o mistério do pão. Era a vitória pelo terror.
- Você já pensou no tamanho do forno para assar esse pão?
- Isso não é problema para nós: a idéia é de Salvador Dali, que, aliás, é um vigarista.
- É uma besta.
- Falso terrorista.
- Abaixo Dali!
A noite avançava e, de súbito, a Praça ficou inteiramente deserta. Fora-se o último casal de namorados e só restavam os três, no banco de sempre: o coreto vazio, o busto de D. Pedro II entre roseiras, o repuxo no lago.
- Vamos descer, pessoal? - propôs Hugo. - Comer alguma coisa.
- Ou alguém - sugeriu Mauro : - Meu reino por uma mulata.
- Imaginem se o homem tivesse capacidade sexual limitada, digamos para trinta vezes. Idéia terrorista.
- Idéia cretina. Eu já teria gasto a minha há muito tempo.
- Os pródigos: aos vinte anos só teriam uma de reserva.
- Não, minha nega, tenha paciência, só me resta uma, não posso gastar com você.
- E os econômicos? Se continham a vida inteira e, na hora de morrer, se queixariam: e eu, que ainda tinha vinte e sete!
Mauro se ergueu, incontido:
- Propnho que gastemos imediatamente uma das nossas."

De vez em quando eu, Marianny, Lethícia, Karyne e Zé Neto temos idéias terroristas também.
Sonhar em ser um personagem de desenho; comer feijõezinhos de todos os sabores; carro movido a ar, com turbinas que usassem o ar como combustível; sair em um carro, viajando pelo Brasil, quando formarmos no Ensino Médio; Nadar na prainha artificial do Itajá; Passar na UnB pra jogar xadrez e basquete na quadra que faz fundo com a nossa casa...

Saturday, September 02, 2006

Aventuras na história- Maísa com virose.
Acordo quinta-feira a noite, mais ou menos dez horas, sentindo algo estranho.. pensei ser vontade de ir ao banheiro e fui. Realmente era (ai, que nojo!) mas pouco depois descobri que, na verdade, meu organismo queria expulsar tudo que eu havia ingerido em uma semana, o que não é pouca coisa, acreditem. Depois dessa cena sexy e romântica decidi ir dormir com minha mãezinha, no quarto dela (depois de uma noite de brigas). Em torno de 12:00 o mesmo aconteceu, e 2:30 também. Cansada de me ver tão fraca depois de tanto "burriar" e vomitar minha mãe acordou meu hermano e fomos para o hospital. Chegando lá tocamos a campainha e acordamos a recepcionista (a primeira da fila). Enquanto minha mãe falava com ela, eu e Ticão ficamos sentandos nas cadeiras da recepção... um certo momento eu não consegui mais parar "sentada" e tive que deitar na primeira cama que vi na frente. Logo depois chegou o segundo da fila, o doutor médico, que duvido que seja doutor. Ouviu meu coração mas já sabia que era virose. "Vamos internar essa mocinha, passar a noite".
A noite passou, acordei era mais ou menos 8 horas da manhã, com vontade de ir ao banheiro. O vômito tinha passado mas a diarréia não... Cada vez que ia ao banheiro era um sacrifício, tinha que levar o soro e toda aquela "novela". Minha mãe sofreu comigo nesse estado. Começou a passar desenhos no SBT, achei que estaria no paraíso. "Duck Doggers", meu desenho preferido começou e eu, animadíssima, durmi. Durmi, durmi e durmi... Acordei com uma mulher trazendo sopa de almoço pra mim. Bem que eu queria mas achei que faria mal para minha saúde, que ainda estava bem debilitada.. Era melhor tomar uma água e ver jornal... Quando acabou Globo Esporte minha mãe resolveu me dar um pé na bunda e foi almoçar, deixando meu hermano como presente. Era pra ele fazer companhia, mas chegou, deitou no sofá e dormiu... O jornal acabou e eu não tinha nada pra fazer. De repente, não mais que de repente, lembrei-me da Veja que minha mãe tinha trazido. Poderia terminar de ler aquela super entrevista das páginas amarelas. Terminei a entrevista bocejando, não estava tão legal como lendo em casa assistindo TV e ouvindo música ao mesmo tempo. Resolvi ver um canal que não estava passando horário eleitoral, propaganda de "churrasqueira elétrica". Belezura!!! De repente, eu estava curtindo minha ânsia de ver uma picanha gordurosa naquela propaganda, eis que surge Lethícia, armada de um MP3 e um gibi do Cascão. Tudo que eu pedi na vida! Conversamos, conversamos, conversamos.. Muchooo legal! Minha primeira visita, que ainda me levou MP3 e gibi do Cascão, e ainda me contou que HCl corrói Zinco. Depois de fantásticas revelações ela me deixou (nisso minha mãe já tinha chegado) para eu poder ler, tranquilamente, o gibi ouvindo música.
Ui!Ui.. logo o gibi acabou, e a pilha do Mp3 também.. E cada minuto que passava, voltava dois.. então veio uma enfermeira me dar remédio e perguntou se a diarréia tinha acabado eu , verdadeiramente, disse "Não". Então ela me deu a pior notícia do mundo.. pior até do que a morte do Leandro, de Leandro e Leonardo. "Acho difícil o Dairson dar alta hoje, hein". Meu mundo acabou...
Na verdade, não acabou não, quem acabou foi meu ânimo, mas pensei "Essas enfermeiras não sabem de nada". Pois sabiam. Depois de quinze minutos, mais ou menos, eis que surge aquela criatura de branco que não é um fantasma, mas parece um. Meu médico. Fez a mesma pergunta da enfermeira, ouviu a mesma resposta, decidiu a mesma coisa, mais uma eterna noite no hospital. Resolvemos mudar de quarto, uma vez que o sofá do quarto 4 era muito pequeno, minha mãe sofria demais pra dormir nele. Então, mais uma aventura para levar toda a mudança. Roupa, comida, travisseiro, paciente... mas chegamos no outro quarto bem na hora de malhação. Enquanto minha mãe dava outra escapada pra tomar banho e levar meu irmão na rodoviária terminei de ver um capítulo imperdível de malhação e comecei a ver Chaves, que me manteve viva nesse momento tão difícil.
Quando acabou Chaves minha mãe chegou, conversamos, fui ao banheiro e decidi dar uma cochilada para me manter acordada para ver CSI e Monk. Cochilei, acordei pra ver novela, mas... no segundo bloco de CSI dormi, concentrada em meu soro que estava acabando.
Acordei 5 e meia da manhã, crente de que eram 8. Olhei para soro e não vi nada, resolvi esperar um pouco, quem sabe aparece alguém... Nada!Nada!Nada. Não aguento mais, vou tocar a campainha... Toquei! Depois de cinco minutos, no máximo, aparece uma enfermeira. Quando ela acende a luz eu olho para o soro, já havia sido trocado e agora não tinha vitaminas, então, ficava transparente na penumbra. Não sabia onde enfiar minha cara... Quase morri de vergonha!
Depois de momentos de tensão no Caldeirão resolvi ligar a TV, estava passando "8 regrinhas básicas para namorar minhas filhas adolescentes", ganhei o dia, pensei. Tinha ganhado (ou ganho) mesmo! Quando acabou "8 regrinhas" começou outro seriado, que também assisti, e depois começou a passar um desenho de um tubarão idiota que anda com o rabo, decidi dormir um pouco mais. Acordei com o meu médico me dando alta. Quase chorei de emoção! A batalha tinha terminado! Eu não tinha mais vômitos nem diarréias...
Ai! Como é bom estar em casa e poder reclamar, aqui, de tédio.
É isso... Blog novo! Template novo!