Tuesday, October 28, 2008

Cultivando meu eu apolítico

"O nome, ou a palavra, retém na nossa memória, enquanto idéia, aquilo que já não está ao alcance dos nossos sentidos..."
Sendo assim...
As risadas compartilhadas com a Karyne
As noites de sono profundo compartilhadas com a Karyne
As discussões filosóficas absurdas travadas com a Karyne

Os planos maléficos arquitetados com a Lethícia
Assistir 11 homens e um segredo com a Lethícia
Sair pra tomar sorvete escondido da população com a Lethícia

Ficar emputecida com o Zé.
Estar extremamente nervosa com as provocações do Zé.
Não entender o que ele quis dizer e, assim, discutir com o Zé.
E, mesmo assim, deitar na rede e ficar enjoada com os embalos do vento, na casa do Zé.

Ir no parque Elza Vendrame com Laydi.
Tomar sorvete no tio Patinhas com Laydi.
Fazer concurso de música com Laydi.

Ir ao MS canta Brasil com o Olívio.
Ver a lua sorrindo pra mim mostrada pelo Olívio.
Ficar ruborizada pela falsidade dos comentários agradáveis do Olívio.

Sair de Cassilândia com um sorriso assim no rosto...
Voltar pra Cassilândia com uma mala de saudades
Voltar pra Campo Grande com uma mala de ânimo

Deixar a preguiça e o bicho-papão com a dona Célia
Escutar as explicações do seu David
Brigar com o Iti

Sentir o cheiro de macio do cabelo da Cy
Ver a meiguice da Lari tomar conta da sala
Invejar a inteligência do Gui
Derrubar a bastilha com o Le
Rir da cara do Pato

Admirar a aula e o estilo do Rossine
Empolgar com as redações da Cláudia

E, cultivadas, uma após uma, infelizmente a sensação passa. Mas a memória não é curta, e só fazer uso da linguagem, pra ativar tudo outra vez...

Wednesday, October 22, 2008



A declaração dos direitos humanos, que em 2008 completa 60 anos de vida paliativa, assegura categoricamente que a dignidade, a segurança, o trabalho, o lazer, a saúde, a cultura e a educação devem ser realidades inalienáveis a todos. A efetivação destes direitos, porém, não é constatada sequer nos países desenvolvidos. Diante deste paradoxo surge a indagação "o que ou quem nos garante estes direitos?".

Burocraticamente a responsabilidade de fiscalizar - e, quando necessário, punir os infratores - deve ser tanto da ONU quanto dos próprios Estados. O homem tem, portanto, seus direitos resguardados por uma organizaçao moralmente falida pela negligência e por chefes de Estado que não raramente são os primeiros a transgredir tais leis. As instituições que deveríam preservar a vida, sendo assim, só a multilam. Amparados por estes responsáveis, não é surpresa que Darfur e Irã escrevam diariamente uma história manchada de sangue.

A população, que deveria ser a garantia viva e prática da funcionalidade dos próprios direitos, porém, também não é. Seja pela falta de propagação dos artigos componentes da declaração (e, assim, desconhecimento do assunto pelo povo), seja pela passividade da sociedade, os direitos legalmente assegurados ao homem não são cobrados pela população que, alienada, vê a igualdade de dignidade como um dado ou estatística, e não em um direito construído com a convivência coletiva - que requer participação popular.

Deste modo, atualmente a declaração dos direitos humanos é apenas mais uma das leis não cumpridas e sem nenhuma garantia de efetivação. Uma mobilização social, no entanto, aproximaria a utopia da "conquista e ampliação" à construção de um mundo comum a todos.

Thursday, October 16, 2008

Até que ponto somos responsáveis ?



A miss universo, representada pelo Japão em 2007, nunca foi tão ocidental - não que este evento represente tão bem os efeitos do plano Marshall, imperialismo norte-americano e a globalização. Mostrou seu país toyotista, grande potência econômica do finado oriente (hoje dia só há fronteiras entre México e Eua e Israel e Cisjordânia) e com a tradição milenar transformada em atrações de turismo. É o que acontece com a China e com os tigres asiáticos também...As elegantíssimas gueixas e seu pó-de-arroz, reduzidas a máscaras de papelão, deram lugar ao all star, burguer king e Madonna - não coincidentemente, ícones de todo o mundo.

Acabada a Guerra Fria com os EUA sendo declarados os novos donos do mundo, sua influência cultural foi ainda mais além do que seus exércitos e suas bases militares (infinitas): se transformaram nos ditantes de moda de todas as esquinas do planeta. Vimos, assim, a entrada de uma Carmem Miranda - modelo norte-americano. Surgiram também Marlyn, Madonna. Da Inglaterra, miguxa sempre presente, vieram Iron Maiden, Beatles. Deste modo, os países influentes inundaram em nós, segundo e terceiro-mundistas, uma cultura pop que substituísse a nossa própria cultura (Afinal de contas "Eu não quero passar jatobá, urucum na minha pele, mas se a tendência é ...."). Os países orientais, sempre muito fiéis ao passado (aparentemente) e pouco influenciados por nós "até então", adotaram a cultura de massa ocidental como forma de modernização e, quando chegou a globalização, ninguém se viu privado desta influência - querendo ou não.

A tradição, porém, muitas vezes leva consigo marcas muito anacrônicas, algumas até não condizentes com a própria situação vigente. Desta forma, as antigas gueixas eram submetidas até a situações torturadoras para manter uma idéia de tradição própria do povo: os pés forçadamente pequenos, a leveza e o equilíbrio dos movimentos de alguém que nunca fora tratado assim... surgem contradições no próprio funcionamento da tradição. Quando a insatisfação toma conta, é hora de modernizar. Eis que surge a grande dúvida, a modernização foi a cultura de massa? Obrigamos outras culturas a adotarem o nosso estilo de vida (aliás, estilo de vida deles. Nessas horas era pra eu estar correndo entre as matas com uma lança)?

E que a indagação fique como "a moral da fábula", para que, quem sabe, possamos responder a uma pergunta "Faz bem a rádio de Campo Grande tocar mais Tradição do que Madonna? Sabendo que Tradição é, de longe, uma tradição nossa..."

Tuesday, October 07, 2008


O tal Brasil desenvolvido, a que sempre se referem, finalmente deu as caras por algumas horas neste último domingo (nada mais justo que 1 dos 365 dias do ano, seja marcado por uma característica 1ºmundista). As eleições, argumento batido da "alta tecnologia brasileira", foram marcadas por poucas filas e uma apuração extremamente veloz. E a grande heroína desta cena, sem dúvida, foi a urna eletrônica.
Utilizada para as eleições desde 1996, as urnas são a salvação para os mesários e motivo de desconfiança para alguns tantos eleitores. Há quem diga que torna as fraudes mais difíceis, impedindo o "voto formiga", no qual cédulas já marcadas eram entregues aos eleitores. Há, porém, quem acredite que nestas urnas o voto é mais suscetível a qualquer mudança "temperamental" da máquina e de quem a manuseie. E, apesar de divergências quanto a sua segurança, é (ou dizem ser) um ícone da modernidade nas eleições em todo o mundo - tanto que aqui, duas ou três horas após o término das eleições já temos candidatos eleitos.
E o famoso desenvolvimento nas eleições terminam por aí. De resto, temos grandes famílias permanecendo no poder (nenhuma referência a um certo prefeito de Cassi que ainda não "saiu" definitivamente), compra de votos, bocas de urna, ... . Inclusive as novas tendências para a confirmação da venda eleitoral são tirar foto pelo celular do voto (estilo tão desenvolvido quanto a própria urna) e, em algumas famosas favelas, levar crianças "ligadas" ao candidato comprador para a confirmação do mesmo. E, após as eleições publicamente desenvolvidas e internamente arcaicas é que vêm os piores problemas. Como já disse Montesquieu “Não é o vinho que está estragado. É a garrafa”.