A arte é definida pelo dicionário Aurélio como Atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito de caráter estético, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o desejo de prolongamento ou renovação. Muito mais do que isso a arte é a farinha para o pão nosso de cada dia, é o movimentar das "brabuletas no estâmbu".
Monopolizada pelos nordestinos (perdão ao resto que, neste caso, é resto mesmo!) exprime o que a sociedade precisa e não quer ver. A arte empurra guela abaixo a realidade (ficcional ou não) que não nos convém. E no caso específico do carnaval (que já se perdeu nas micaretas!) há quem diga o inconveniente.
Poema obsceno
Façam a festa
cantem e dancem
que eu faço o poema duro
o poema-murro
sujo
como a miséria brasileira
Não se detenham:
façam a festa
Bethânia Martinho
Clementina
Estação Primeira de Mangueira Salgueiro
gente de Vila Isabel e Madureira
todos
façam
a nossa festa
enquanto eu soco este pilão
este surdo
poema
que não toca no rádio
que o povo não cantará
(mas que nasce dele)
Não se prestará a análises estruturalistas
Não entrará nas antologias oficiais
Obsceno
como o salário de um trabalhador aposentado
o poema
terá o destino dos que habitam o lado escuro do país
- e espreitam.
Não falo sério quanto ao monopólio nordestino (mas que é, é) e nem quanto à função exclusiva de crítica social - antes que meus 2 únicos leitores reclamem.