Sunday, January 11, 2009

A arte é definida pelo dicionário Aurélio como Atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito de caráter estético, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o desejo de prolongamento ou renovação. Muito mais do que isso a arte é a farinha para o pão nosso de cada dia, é o movimentar das "brabuletas no estâmbu".

Monopolizada pelos nordestinos (perdão ao resto que, neste caso, é resto mesmo!) exprime o que a sociedade precisa e não quer ver. A arte empurra guela abaixo a realidade (ficcional ou não) que não nos convém. E no caso específico do carnaval (que já se perdeu nas micaretas!) há quem diga o inconveniente.

Poema obsceno

Façam a festa
cantem e dancem
que eu faço o poema duro

o poema-murro
sujo
como a miséria brasileira

Não se detenham:
façam a festa
Bethânia Martinho
Clementina
Estação Primeira de Mangueira Salgueiro
gente de Vila Isabel e Madureira
todos
façam
a nossa festa
enquanto eu soco este pilão

este surdo
poema
que não toca no rádio
que o povo não cantará

(mas que nasce dele)
Não se prestará a análises estruturalistas
Não entrará nas antologias oficiais

Obsceno
como o salário de um trabalhador aposentado

o poema
terá o destino dos que habitam o lado escuro do país

- e espreitam.




Não falo sério quanto ao monopólio nordestino (mas que é, é) e nem quanto à função exclusiva de crítica social - antes que meus 2 únicos leitores reclamem.

Saturday, December 20, 2008

Que sonhos nos orientam?


"são aqueles que, mesmo dando pequenos passos, ensaiam um comportamento alternativo e enunciam pensamentos criadores".

É essa a meta do ano-novo. Nada de regimes malucos, de começar academia, de economizar, de arrumar namorado, de ser mais paciente, de ser mais prudente, de ser menos paciente ou menos prudente. O pedido é seguir os meus sonhos e continuar acreditando que eles são o caminho para "o comportamento alternativo" afinal de contas "quem anda no trilho é trem de ferro. sou água que corre por entre as pedras: liberdade caça jeito".



[Pra quem esperava alguma coisa deste post, lamento. Ele foi apenas uma "prestação de contas" de mim para mim mesma.]

Thursday, December 18, 2008

Comportamento reciclável

O homem que revolucionou a agricultura, que tornou habitáveis áreas anecumênicas e que aprendeu a lidar com o genoma para aprimoramento genético é o mesmo ser que produziu constantes crises do petróleo, que poluiu o ar, infectou o solo e pôs florestas abaixo. De herói a vilão, o comportamento humano o condena inimigo do planeta, ainda que sua essência aclame pelo contrário.

O motivo de tamanha dicomotia entre as ações humanas - que os impedem ocupar um lugar fixo diante da "lei da selva" - são o eterno confronto entre a sua natureza e seu agir - enquadrando-se na teoria do "bom selvagem" de Rosseau, que define o homem como ser essencialmente sensato, sendo corrompido pela sociedade.

Enquanto seres primitivos a ação humana limitou-se à caça e a coleta, lidando com recursos renováveis. Neste momento histórico em que a natureza do homem sobrepunha-se aos interesses de uma sociedade, o planeta nao se sentiu ameaçado - é verdade, porém, que a ação humana era puramente animal e majoritariamente instintiva.

A partir do momento em que foi criado um modelo econômico questionável sob o qual reinos buscavam supremacia a Terra começou a desarticular-se. Desde então, em nome de uma falsa riqueza o homem esgota suas reservas naturais. A procura por industrialização sufoca as camadas da atmosfera, queima todo o petróleo e derruba enormes florestas. E extasiados pela realidade virtual provocada pelos "podres poderes" ambicionamos destruir até a camada pré-sal.

Enterrados sob uma realidade de orgânico egoísmo, o homem abafa a sua própria natureza na busca pelo poder ilusório. Questiona até a si mesmo e a resposta para tanta estupidez está perto, no seu bolso.

[redação da unesp.]

Wednesday, November 19, 2008

É tudo uma questão de ....

Algemados. É assim que nos percebemos diante da imprensa "atualmente". Dependendo dos jornais para situarmos no tempo e espaço, não raramente olhamos para o lado e só enxergamos o cabresto. Fomos domesticados!

A imprensa livre (ha-ha-ha) está afundada até o branco dos olhos em partidarismos, jogos de interesses e negligência. Noticiando apenas o que lhe convém, priva a nós, os "informados", de acontecimentos e informações relevantes para a realidade atual. Em meio à maior crise econômica dos últimos sessenta anos, o Jornal Hoje exibe receitas de alimentos, cartas ao papai-noel e/ou desfile da Victoria Secrets . Onde está nossa voz pra exigir informações imparciais? Está abafada pelo som alto de Créu, divulgado e praticamente empurrado guela abaixo sobre nós por esta mesma imprensa.

É certo, também, que nós estamos com o papel da mídia. Com a globalização, a internet, uma quantidade enorme de informações (verdadeiras ou não) é lançada sobre nós. Sem digerir, nos tornamos bancos de dados, cujas informações são números, tabelas, gráficos memorizados e mecanicamente repetidos. Sem criticidade, "levamos a vida antes que ela nos leve".

Amparados por uma imprensa vendida e uma consciência de papel, aprendemos a manter uma mente fechada, um raciocínio sem exercício. Somos máquinas (imperfeitas) das revoluções industriais que vivemos. Nos domesticamos!

Thursday, November 13, 2008

Regência inquietante!

Há algum tempo a mente egoísta de uma certa vestibulanda não se atem a emoções fortes com conflitos externos. Por mais que a razão indique um momento crítico para a segurança nacional com a greve dos policiais; ou o absurdo da tortura de dois maconheirozinhos no Rio; ou o Obama Hussein no poder; que seja a crise norte-americana, mísseis iranianos... tudo isso não cria um sentimento crônico nessa máquina (defeituosa) de marcar X.

E essa apatia diante do mundo cria uma preocupação: estarei sucumbindo à massa de gentes indiferentes a o que acontece ou deixa de acontecer fora do seu raio de 2 km ?

Amparados pelo capitalismo e sua livre-concorrência e o já prosaico darwinismo social nos acostumamos a uma idéia de individualidade. Até o orkut, cuja função prática ainda se questiona, repete cotidianamente "O primeiro e único amor é o amor-próprio". E encharcados de egoísmo, assistimos a (repare na regência!!!) crueldade da vida real com o desleixo da voz de Sandrinha Annemberg. E assistimos à fome nas esquinas, à violência nas ruas e à desigualdade social - sem assistir (sem preposição) sequer um infeliz!

Nessa expressão maluca de pensamentos e questionamentos, sem estrutura nenhuma (a Cláudia que não leia), espero fazer da procura um encontro. E, ainda mais, encontrar uma realidade passageira, uma preocupação momentânea com gabaritos em branco que, num futuro próximo, será revertida em ações, para que eu deixe de assistir A...

Tuesday, November 04, 2008

O céu não é o limite!

O processo de globalização, iniciado ainda no século XV com as Grandes navegações, encontra-se no contexto atual em seu auge. Os três oceanos que dividiam a Terra em seis continentes se tornaram pontes de integração política, econômica e social entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos - nesta ordem de dominação.

A aglutinação do globo feita de forma dominadora pelos países ditos de 1º mundo trouxe uma manutenção da dependência econômica dos países 3º mundistas. As multi e transnacionais asfixiaram a indústria nacional frágil do hemisfério sul, de modo que os produtos de consumo sejam os mesmos em todas as esquinas do mundo. E a criação de bolsas de valores, símbolos majoritários da globalização, atrela diretamente todos os países em uma única negociação - na qual quem possuir o maior poder de barganha, lucra.

A Islândia, por exemplo, que é um vulcão com uma bolsa de valores construída, mostrou ao mundo que a Teoria do Caos (salmo 21 da bíblia globalizada) funciona muito bem, obrigada. Com o início da crise norte-americana, o valor internacional das ações islandesas caiu mais de 100% em um dia. A constatação da impotência financeira de um país diante da crise do outro é, deste modo, imediata.

E um isolamento desta globalização pode ser ainda mais prejudicial. Cuba, que ainda se diz socialista e é boicotada mundo afora, sofre com arcaísmos em diversos setores da sociedade. A ausência de indústrias desenvolvidas abstem o país de tecnologias comuns em qualquer outro país do globo.

É, portanto, nítida a relação de dependência insana que foi riada entre "as aldeias" de todo o mundo. Reféns da globalização e filhos de pátria nenhuma, torcemos para uma borboleta não bater as asas na China porque segundo a Teoria do Caos o tufão seia produzido aqui (e nós é que pagaríamos a conta).

Tuesday, October 28, 2008

Cultivando meu eu apolítico

"O nome, ou a palavra, retém na nossa memória, enquanto idéia, aquilo que já não está ao alcance dos nossos sentidos..."
Sendo assim...
As risadas compartilhadas com a Karyne
As noites de sono profundo compartilhadas com a Karyne
As discussões filosóficas absurdas travadas com a Karyne

Os planos maléficos arquitetados com a Lethícia
Assistir 11 homens e um segredo com a Lethícia
Sair pra tomar sorvete escondido da população com a Lethícia

Ficar emputecida com o Zé.
Estar extremamente nervosa com as provocações do Zé.
Não entender o que ele quis dizer e, assim, discutir com o Zé.
E, mesmo assim, deitar na rede e ficar enjoada com os embalos do vento, na casa do Zé.

Ir no parque Elza Vendrame com Laydi.
Tomar sorvete no tio Patinhas com Laydi.
Fazer concurso de música com Laydi.

Ir ao MS canta Brasil com o Olívio.
Ver a lua sorrindo pra mim mostrada pelo Olívio.
Ficar ruborizada pela falsidade dos comentários agradáveis do Olívio.

Sair de Cassilândia com um sorriso assim no rosto...
Voltar pra Cassilândia com uma mala de saudades
Voltar pra Campo Grande com uma mala de ânimo

Deixar a preguiça e o bicho-papão com a dona Célia
Escutar as explicações do seu David
Brigar com o Iti

Sentir o cheiro de macio do cabelo da Cy
Ver a meiguice da Lari tomar conta da sala
Invejar a inteligência do Gui
Derrubar a bastilha com o Le
Rir da cara do Pato

Admirar a aula e o estilo do Rossine
Empolgar com as redações da Cláudia

E, cultivadas, uma após uma, infelizmente a sensação passa. Mas a memória não é curta, e só fazer uso da linguagem, pra ativar tudo outra vez...